terça-feira, 28 de abril de 2009

duvidas a serem tiradas e conclusões a serem espostas

Ao analisarmos a questão da violência urbana nas nossas grandes cidades, perceberemos que, muito mais grave do que o crescimento do número de mortes violentas, está o terrível
sentimento de normalidade que domina a nossa sociedade frente à violência cotidiana.

ESTAMOS VIVENDO ALGUMA GUERRA CIVIL?

Quando refletimos sobre os números de mortes causadas pela violência, observamos que morrem mais pessoas por ano decorrentes da violência urbana no Brasil do que na Guerra do Golfo. Se levarmos em consideração o fato de não termos em nosso País nenhuma “Guerra Civil”, ou outro tipo de conflito dessa natureza, perceberemos então que a realidade é muito mais amarga do que podemos imaginar. Entretanto, a sociedade parece estar “anestesiada” diante deste cenário. Qual seria, então, o motivo desse sentimento de “passividade” frente a essa crescente onda de violência em que vivemos?

ONDE ESTÁ A ORIGEM DA VIOLÊNCIA?

Para analisarmos o motivo dessa banalização da violência, precisamos antes entender que boa parte da origem do problema reside na profunda injustiça social da nossa sociedade. Segundo o IBGE, um terço da população brasileira vive em estado de profunda miséria, habitando, inclusive, em guetos e favelas. Isso, provavelmente, nos conduz à seguinte reflexão: “Como resolver o problema da miséria para que possamos reduzir a violência?” A resposta parece, pelo
menos na teoria, bastante óbvia: distribuir renda.

O QUE UMA COISA TEM A VER COM A OUTRA?

Levantei essa questão para provocar uma associação quase que inevitável: Qual a relação entre a violência, a sua banalização na sociedade moderna e a distribuição de renda? Se conseguirmos perceber que um dos grandes elementos geradores da violência é a profunda desigualdade social refletida na estatística do IBGE citada anteriormente, poderemos perfeitamente começar a perceber que a violência cresce na mesma proporção em que cresce a fome, a miséria, o desemprego e a concentração de renda. Isso faz com que as oportunidades sejam cada vez mais escassas em nossa sociedade.
Com isso, o crescimento da violência – que ocorre em função da falta de oportunidades e na total falência da atuação do Estado através de políticas públicas como, por exemplo, uma educação de qualidade acessível a todos e de um sistema penitenciário que realmente recupere os infratores – faz com que esse sentimento de “banalização” cresça na mesma proporção. Quanto maior o número de casos de violência, mais “acostumada” e “anestesiada” fica a nossa sociedade.
Lutemos pela paz antes que seja tarde demais!
Entretanto, um outro elemento, diretamente ligado a essa indiferença, me chama a atenção: esse sentimento de banalização só não existe quando a violência urbana ocorre bem próxima de nós: um vizinho, um parente ou algum amigo são motivos suficientes para a indignação e a consternação frente a vida ceifada de maneira bruta e violenta. E é exatamente sobre a ausência dessa indignação, quando a violência ocorre com um estranho, que eu gostaria de chamar a atenção. Até que ponto a nossa sociedade se permite deixar de pensar e agir coletivamente frente a esses graves problemas?
Será que não é essa espécie de egoísmo, que impede a nossa indignação frente a violência alheia, que também evita que realizemos uma verdadeira e efetiva distribuição de renda? Talvez isso explique o fato de, por exemplo, valorizarmos menos os políticos e governantes que priorizam os investimentos em educação, saúde e políticas de combate a desigualdade social e mais àqueles que trocam votos por cimento, luz “gratuita” em nossos condomínios e outros “favores” que beneficiam alguns ao invés do coletivo.

ACREDITAR E AGIR SÃO AS CHAVES DA MUDANÇA

A nossa atitude é o caminho da mudança. É ela que faz com que sejamos agentes instauradores do Reino de Deus. E, para combater o sentimento socialmente danoso de descrença alimentado pelo famoso “não adianta, é impossível mudar”, eu deixo aqui uma reflexão do escritor uruguaio Eduardo Galeano:

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